Continuando as considerações sobre a importância dos exercícios de uma aula de ballet, minha proposta nesta postagem é explicar sobre o battement tendu jeté e o grand battement jeté na barra.
Battements tendus jetés são batimentos esticados lançados, e que devem ser executados com muita atenção e precisão. Algumas escolas chamam este exercício de battement tendus glissés, ou batimentos esticados deslizados. Como neste exercício os lançamentos devem ser deslizados, os nomes para mim não fazem diferença. Nas minhas aulas, refiro-me a eles como battements jetés.
As informações dadas nos battements tendus, que falamos na postagem anterior, devem ser mantidas, tais como a manutenção da rotação externa isometricamente durante todo o exercício e a pelve neutra. O peso do corpo deve estar na perna de base, para que a outra perna possa trabalhar.
Nos battements jetés, a perna é lançada com vigor a uma altura de 30º a 45º, mantendo o deslizamento dos dedos pelo chão até a completa plantiflexão (imagem), lembrando-se de manter sempre os pés em eversão (imagem). Acho muito importante fixar a altura para que o aluno não lance a perna sem controle. Particularmente, utilizo a perna na altura de 30º nos jetés e deixo para utilizar a altura de 45º nos fondus. Os dedos dos pés devem estar completamente esticados antes de elevar-se a perna, ou seja, para fazer um battement tendu jeté corretamente, deve-se realizar previamente um bom battement tendu, o que demonstra como é coerente uma aula de ballet.
No retorno da perna para a posição fechada, semelhante ao battement tendu, deve-se novamente deslizar os dedos e, com isso, fazer um trabalho de contato constante com o chão. Preservar as observações dos battements tendus, como começar com alunos iniciantes na 1ª posição dos pés à frente e ao lado, deixar para trabalhar a perna atrás quando o aluno estiver mais consciente da dissociação dos membros inferiores em relação à pelve e, assim que possível, evoluir para as posições mais fechadas (3ª e 5ª), são de extrema importância para um trabalho correto. Mantenho a orientação relativa às direções das pontas dos dedos à frente, ao lado e atrás, na direção do calcanhar da perna de base, respeitando sempre os limites da sua rotação externa máxima. Como nos battements tendus, acentuação do battement tendu jeté é direcionada para dentro, buscando retornar à posição fechada. Porém, nada impede que o professor possa trabalhar os acentos para fora e, logo que puder utilizar estes exercícios de membros inferiores com a coordenação das cabeças e dos braços com os membros inferiores, agregando mais brilho ao trabalho.
Os battements jetés devem ser feitos após battements tendus na barra e vão acompanhar o trabalho diário. As forças corretas utilizada nestes lançamentos vão dar vigor, alegria e agilidade aos saltos e aos deslocamentos dos bailarinos.
Já os grand battements ou grandes batimentos seguem os mesmos preceitos do battement jetés, porém são feitos ao final da barra, quando o corpo está bem aquecido. Neste momento, a perna deve subir a altura de 90º ou mais. Deve-se ter muita atenção à base e à manutenção do tronco evitando “solavancos”. Na minha experiência, observei que não é produtivo fazer grandes alongamentos antes dos grandes batimentos, pois alguns bailarinos mais sensíveis podem se lesionar, já que é um momento de uso de grande força muscular. O grande batimento prepara os membros inferiores para os grandes lançamentos, ou grandes saltos no centro, sendo imprescindível um trabalho consciente do bailarino na sua execução, visando alcançar grandes elevações e um bom ballon*.
Na próxima postagem, pretendo falar sobre os ronds de jambes e os fondus, para continuar a enfatizar que o trabalho na barra é essencial para a melhora do desempenho do bailarino.
* Segundo a mestra Agrippina Vaganova, o termo ballon é uma habilidade de um dançarino em manter no ar uma pose, dando a sensação de que o bailarino fica parado no ar, permanecendo ali como se estivesse suspenso.